Estava sentada há tempo demais, com o olhar vago, fixo em alguém que agonizava à sua frente.
Não havia compaixão, nem sequer uma leve ternura por quem lhe tinha acabado de dar mais um êxtase.
Não havia compaixão, nem sequer uma leve ternura por quem lhe tinha acabado de dar mais um êxtase.
Limpou o vinho imortal da boca e recuou algumas horas, queria reviver o sentimento intoxicante da caça, a seguir ao abraço é só o que a faz sentir viva.
Desde o renascer que tinha o hábito de querer sentir, percorrer a pele morna e macia a latejar nas suas mãos... geladas antes de mais um fim.
Desde o renascer que tinha o hábito de querer sentir, percorrer a pele morna e macia a latejar nas suas mãos... geladas antes de mais um fim.
Nesse momento achava que devia dar algo em troca já que lhes tirava a vida.
Amar os inocentes, consumir-lhes a boca e depois...
Tudo parava, ficava só o frio, uma dor que de tão intensa se tornava surda.
Ergueu-se de uma poltrona igual a tantas outras, olhou ainda mais uma vez nos olhos daquele corpo quase inerte que gemia numa cama qualquer, depositou-lhe um último beijo e lambeu-lhe as feridas.
Depois saiu para a noite que era mais iluminada que o seu próprio espírito, sem esperar mais nada a não ser um sono sem sonhos.
Autoria: Mandrágora
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